Nas magníficas investigações de Sherlock Holmes, Sir Arthur Conan Doyle - o aclamado criador do inaudito detective, remeteu para o Dr. Watson a tarefa de redigir o relato das aventuras que os dois bons amigos viveram na senda do crime.
Na incessante tarefa de recuperar um Felicia Cabrio vermelho dos anos 60, o Adriano transformou-se num apto detective, capaz de trilhar as encruzilhadas da história - e de estórias - com vista a dar novo brilho ao corpo e à alma do seu velho descapotável construído em Kvasiny. Nesta missão, metamorfoseou-se em Sherlock Holmes ao serviço dos enigmas da Seta Alada e, mal comparado, deu-me a mim o papel de Dr. Watson desta narrativa, ou seja, o de relator dos acontecimentos.
Pois bem, esgravatando o passado, o Adriano reencontrou o rasto do último dos proprietários do Felicia, antes do automóvel passar para as suas mãos. Fez-se luz. Trocou-se correspondência, escreveram-se estórias. Fez-se história.
O antigo dono do Felicia fora um magnífico coleccionador de automóveis, chegando a ter 4 dezenas de carros. Porém, as contingências da vida obrigaram-no a ir desfazendo-se do seu precioso património e muitos veículos nem chegaram a ser registados em seu nome.
Quanto a Skodas, teve dois: julga que um Octavia e um Felicia. Crê que ainda possui a factura de compra de um dos carros numa sucata de Alcochete e ficou de a procurar. Não tem fotografias, mas lembra-se de ter levado um dos Skodas - provavelmente o Felicia - ao casamento de um amigo e prometeu tentar desbravar imagens do carro por esse trilho de estória. Entretanto, ficou de procurar no baú de recordações tudo o que diga respeito aos Skodas, fazendo chegar alvíssaras às mãos do incansável Adriano, caso haja novidades.
Hoje tem saudades do carro e diz, sentido, que gostaria de voltar a vê-lo. O seu sonho há-de concretizar-se em simultâneo com o do Adriano, que quando puder sentir a suave brisa da primavera a bater-lhe na cara, ao sabor do sereno rolar do seu Felicia vermelho, não tardará em combinar um encontro entre os dois antigos companheiros de aventuras.
Pelo desenrolar dos acontecimentos, é bem provável que desta história nasça uma amizade, desbravada pelo tímido sopro de um velho automóvel que não perdeu a dignidade e afagada pela renovada alma desse charmoso Felicia escarlate descapotável que em breve voltará a cruzar as nossas estradas.
Aberta a janela do passado, teremos que esperar pelo próximo capítulo…
[foto: joão]
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