Ainda assim, nos quartéis de Mladá Boleslav, os técnicos da marca não se resignaram e, tendo já como base uma carroçaria muito próxima da que viria a ser adoptada nas gamas 105/120/125, chegaram a construir um protótipo de um automóvel com motor e tracção dianteiros. Porém, dadas as restrições impostas às importações necessárias para finalizar o desenvolvimento e a industrialização da proposta, a par da falta de fundos com que a fábrica se deparava, a Škoda não teve outra saída senão remodelar o layout da sua anterior geração de automóveis.
Deste modo, a marca checoslovaca propôs a modernização do chassis precedente, a introdução de alguns importantes elementos de segurança activa e passiva, [com destaque para a passagem do depósito de gasolina para debaixo do banco traseiro] e a dotação de um capot muito peculiar, com abertura lateral, como se de um piano de cauda se tratasse. Cumulativamente, o radiador passou a ser montado à frente, acoplado a uma ventoinha accionada por termóstato, enquanto que, no habitáculo, o dispositivo de aquecimento do sistema de ventilação passou a ser instalado no interior do tablier. Em 1976 o projecto do Škoda 105/120 estava concluído e a produção em série arrancou em Agosto desse mesmo ano.
Os novos automóveis, cuja designação variava em função da motorização adoptada - '105' com 1.046 cm3 e 33.1 kW às 4800 rpm ou '120' com 1174 cm3 e 36.7 kW às 4200 rpm - destacavam-se por uma robustez e resistência geral elevadas, como sempre foi apanágio da marca, pese embora fossem criticados por um controlo de qualidade menos exigente à saída da fábrica, manchando um pouco os elevados pergaminhos reconhecidos à Škoda em termos de qualidade de construção. Por outro lado, os carros apresentavam um comportamento algo imprevisível nos limites, que se devia ao facto do peso do conjunto se concentrar predominantemente sobre a traseira do veículo. Ainda assim, as características do chassis adaptavam-se muito bem às estradas deterioradas dos países de Leste, vias onde, dificilmente, a maioria dos proprietários viriam a experimentar as reacções-limite dos seus automóveis. Oferecendo um habitáculo espaçoso, um painel de instrumentos completo, um conforto assinalável e um preço muito concorrencial, esta gama teve um sucesso digno de nota na Checoslováquia, na Hungria, e na Polónia, e até mesmo na Finlândia e em Inglaterra, onde a concorrência era bem mais aguerrida.
Entretanto, nos anos seguintes, sem a injecção de fundos estatais que lhe permitissem, finalmente, desenvolver o seu primeiro automóvel de motor e tracção traseiros, a Škoda limitou-se a introduzir pequenas alterações e melhorias nesta gama, tornando-a tão atractiva e competitiva quanto possível. Assim, a gama 105/120/125 desdobrou-se nos rebaptizados 130/135/136 até que, por fim, em 1990, foi descontinuada, numa altura em que o Favorit já era o centro de todas as atenções e de todas as esperanças para a marca de Mladá Boleslav.
Foi o fim de uma era, iniciada em 1964 com o lançamento da famosa dupla 1000MB/1100 MB.
Mais informações em:
www.skoda-auto.com
en.wikipedia.org
[fotos: Škoda Auto]
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