A crise mundial, as alterações climáticas e as subsequentes preocupações ambientais estão a mudar, indelevelmente, o futuro da indústria automóvel. Num artigo intitulado «Os Planos para o Futuro do Grupo VW», publicado no sítio da Auto Motor und Sport, Birgit Priemer, adianta, entre outras coisas, que a próxima geração do Audi A3, que deverá chegar ao mercado em 2011, virá equipada com motores tricilindrícos de baixa cilindrada. Serão duas unidades a gasolina - uma com 60 e outra com 75 CV, e um engenho a gasóleo, que também debitará 75 CV. Muitos acharão esta opção uma heresia, ao verem um automóvel da marca dos anéis a ser locomovido por motores de baixa cilindrada, mas nós rejubilámos com a ideia. Porquê?
Embora o artigo não o diga explicitamente, é fácil adivinharmos que, a concretizar-se esta operação de downsizing, todos os motores referidos serão 1.200 de cilindrada - sendo os engenhos a gasolina novas variantes do bloco ’HTP’ [6 válvulas e 60 Cv e 12V com 75 CV], enquanto que a unidade a gasóleo ficará a cargo do 1.2 TDI CR que a Volkswagen irá estrear para o ano, na mais eficiente das versões BlueMotion da gama Polo. Neste cenário, estamos a falar de motores a gasolina cujo desenvolvimento técnico tem estado, desde quase o início, a ser levado a cabo em Mladá Boleslav. Ou seja, estaremos a um passo de vermos motores Skoda a equiparem um Audi?
Daqui surge uma outra questão: embora possa ser uma honra para a Skoda alargar a oferta dos seus motores à Audi [como é sabido, já o faz há anos com a VW e com a SEAT], será que um A3 com um motor de 60 ou mesmo de 75 CV se conseguirá locomover em condições? Acreditamos que sim, embora, naturalmente, a prioridade destas unidades esteja nos consumos e na contenção das emissões poluentes, e não nas performances. Contudo, tal só será possível com algumas alterações radicais na concepção do automóvel. E a este nível também poderá haver novidades… Skoda!
Vamos por partes: nós imaginamos que a primeira grande tarefa dos engenheiros de Ingolstadt seja conceber um carro que consiga oferecer um habitáculo um pouco mais espaçoso que o actual, mas em que o peso do conjunto seja substancialmente reduzido. E aqui as primeiras ideias que nos ocorrem para esta exigente dieta são o recurso a metais leves para a construção de elementos mecânicos, de suspensão e, eventualmente até, de alguns painéis de carroçaria; a supressão da roda suplente e sua substituição por um kit anti-furo; ou a redução da espessura dos vidros das janelas, ficando o isolamento acústico dos mesmos a cargo de uma película fono-isoladora. Mas será preciso ir mais longe e cortar em ‘matéria gorda’ cuja supressão possa não ser tão evidente à primeira vista. E uma das soluções, imaginamos nós, poderá passar por Mladá Boleslav.
É que a Skoda Auto anunciou esta semana que ganhou um concurso interno para a construção de uma nova caixa de velocidades, denominada MQ100, destinada a uma nova família de automóveis - o novo Volkswagen Lupo [baseado no Up!] e as suas derivações da Skoda, SEAT e, quem sabe até, da Audi. Porém, como esta nova transmissão aguentará binários até aos 120 Nm será posteriormente alargada a outros modelos do Grupo. E é fácil percebermos porquê: a nova caixa terá cerca de 20% menos componentes do que a MQ 200 [também fabricada pela Skoda], é substancialmente mais leve e será mais barata de produzir, sendo que a sua janela de utilização abre espaço para a perfeita sintonia com o motor 1.2 HTP, quer nas actuais versões, quer em variantes futuras [uma vez que dificilmente será ultrapassado o binário limite dos 120 Nm]. Com uma vantagem adicional: ao ser mais leve, a nova caixa será sinónimo de consumos mais baixos e de menores emissões poluentes. Daí a termos a MQ100 no novo A3 é um pequeno salto...
Em síntese: a concretizarem-se estas nossas extrapolações, teremos o futuro Audi A3 a ser locomovido por alguns motores e caixas de velocidades made in Mladá Boleslav. E isto até poderá não ser nada de especial para um construtor com os pergaminhos da Skoda, mas será sempre um sapo muito duro de engolir para essa minoria de pedantes que [ainda] trata a marca da Seta Alada como se fosse um mal menor… Mas como diz o ditado, «o último a rir é quem ri melhor».
Mais informações em:
www.auto-motor-und-sport.de
www.skoda-auto.com
[imagem: Audi AG]
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