Em 1936, quando o Škoda Superb typ 913 foi lançado no mercado, a Checoslováquia era ainda uma jovem república fundada a partir dos escombros do Império Austro-Húngaro [em 1918]. O país vivia o fulgor da liberdade conferida pelo regime democrático, apenas ensombrado por alguma instabilidade interna gerada por rivalidades entre etnias. Para a Škoda foi um período particularmente fértil, com destaque para o desenvolvimento de uma extraordinária geração de automóveis: - Popular, Rapid, Favorit e Superb. Seriam nomes que ficariam indelevelmente marcados nos anais da história.
Numa época em que ter um automóvel era a excepção e não a regra, as senhoras tinham, por norma, uma relação distante com o mundo motorizado. Mas a Škoda, sempre ágil em abrir portas à modernidade, assim não entendia. Por isso, era muito frequente ver-se fotografias de senhoras nos meios publicitários da marca da Seta Alada, em plena década de 30 - um sinal de como a marca abrira a porta à conquista do emergente público feminino.
Com a ocupação Nazi, a democracia esfumou-se num governo de fachada, subjugado aos interesses de Hitler. Terminada a guerra, ainda houve tempo para um último sopro de liberdade, abruptamente expirado com o Golpe de Praga, em 1948, ao qual se seguiram 41 anos de totalitarismo sob a chancela da Cortina de Ferro. Foi um longo período, ao qual a Škoda soube adaptar-se da melhor forma possível, dada a força das circunstâncias. As mulheres continuaram a fazer parte do imaginário da marca. Muitas, na Checoslováquia, juntaram-se aos escritórios e às linhas de produção das fábricas da Seta Alada. Os catálogos oficiais continuavam a dar o devido destaque às senhoras, que sentiam crescente empatia por este construtor que há tantos anos pensava nelas desde os primeiros traços, desenhados a gosto nas pranchetas de Mladá Boleslav.
Veio a Revolução de Veludo. Veio a liberdade. Veio a integração no mundo Volkswagen e com ela um novo sopro de esperança. A marca voltava rapidamente ao brilho dos anos 30. E uma boa quota-parte deste sucesso tinha assinatura feminina, porque a Škoda sempre foi uma marca plural. Hoje, por todo o mundo, milhares e milhares de mulheres gozam do prazer de conduzirem um Škoda. Nada de especial, se visto à luz dos nossos dias. Mas se pensarmos no que era o mundo há 70 anos, vemos bem como, mais uma vez, a Škoda estava [muito] à frente do seu tempo…
[imagens de meios publicitários do Škoda Superb typ 913 (1936-1939): Škoda Auto]
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