Papéis Invertidos

Por uma vez, inverteram-se os papéis. Hoje, os 'jornalistas' de serviço fomos nós e, por isso, decidimos levar a cabo um comparativo entre os dois semanários automóveis de referência, abordando-os na perspectiva de quem vais às bancas à procura de informação relativa à Skoda. Estamos a falar, naturalmente, das edições desta semana do AutoFoco [nº 518] e do AutoHoje [nº 1059].

1. Capa

As diferenças entre as edições avaliadas começam logo na capa: o AutoFoco, numa alusão às novidades esperadas para o Salão de Genebra, a que chamou «Quentes e Boas», inclui uma foto do renovado Fabia, coadjuvada pela inscrição «1.2 TDI é reforço». O destaque só não é maior porque esta capa contém uma autêntica catadupa de imagens [fotos de 14(!) automóveis], ainda por cima profusamente enleada em títulos, sub-títulos e outras notas escritas que dificultam bastante a leitura. Já no AutoHoje, onde a hierarquia de títulos é bem mais clara - com o Citröen DS3 a colher honras de destaque -, só uma leitura muito atenta da primeira página permitirá descortinar a palavra Skoda, numa sumida alusão ao Octavia 1.6 TDI, em jeito de rodapé. Em suma, no que concerne ao tratamento colhido pela Skoda nas 'faces' de ambos os semanários, o AutoFoco vence folgadamente ao colher 6 pontos [em 10 possíveis], enquanto o AH não consegue mais do que um pequeno prémio de consolação, ao facturar um ponto.

2. Fabia/Roomster

Tal como na capa, a abordagem ao facelift das gamas Fabia e Roomster colhe abordagens bem distintas por parte dos dois semanários, mas agora os papéis invertem-se. O AutoFoco é mais parco na informação prestada, o que não evita, contudo, a divulgação de três gafes em apenas 4 curtos parágrafos. A saber: é-nos dito que, para além dos 1.2 TSI de 85 e 105 CV, será proposta uma variante atmosférica daquele propulsor com 60 CV; e que a oferta de motores presente no Roomster será exactamente a mesma que equipará o Fabia. Ora, como se sabe, a fábrica de Mladá Boleslav fabrica 2 blocos 1.2 completamente distintos entre si – um de 3 cilindros HTP aspirado com 60 ou 70 CV [versões de 6 e de 12 válvulas] e o novo TSI sobrealimentado, com as referidas derivações de 85 e 105 CV. Ou seja, ao contrário do que é referido, a unidade de 60 CV não é uma derivação atmosférica do bloco de 4 cilindros. Mais, o artigo omite que em ambos os automóveis também será proposta a variante de 12 válvulas do referido motor HTP, unidade que debita 70 CV e que será a 'porta de entrada' na gama Roomster. Quanto à panóplia de motorizações para este pequeno MPV, esta só não será exactamente igual à do Fabia, como é referido pelo AF, pelo simples facto do engenho de 60 CV não estar presente nem na Fabia Combi, nem no Roomster.

Já no AutoHoje, o rigor, a quantidade e, sobretudo, a qualidade da informação prestada é bem superior à do AutoFoco, com a particularidade de serem avançadas importantes notas de como e quando o facelift será acolhido em Portugal, especificando, por exemplo, o lote de motorizações a comercializar no nosso país, já a partir de Maio. Ou seja, neste capítulo o AH esmaga o seu rival de ocasião, prestando um jornalismo profissional que contrasta com um artigo algo atabalhoado do AutoFoco. Tivesse sido dado um maior destaque gráfico a este tema e o AutoHoje colheria até a pontuação máxima disponível. Ainda assim, soma 9 pontos neste capítulo, que contrastam com os 2 atribuídos ao AutoFoco pela mediocridade das informações avançadas.

3. Superb Break

Nesta semana, só o AutoFoco dedica algum espaço à carrinha Superb que acaba de chegar a Portugal. O artigo, embora sucinto, avança com dados relativos às dimensões gerais da carroçaria e capacidade da bagageira, listagem dos principais itens opcionais de equipamento, preços ´de entrada´ para as diversas motorizações e alguns dados sobre transmissões. Apesar da pequena foto e da ´caixa' de reduzidas dimensões, o AutoFoco faz bem por merecer 8 pontos, enquanto o AutoHoje é penalizado por omissão e não colhe nenhum.

4. Octavia 1.6 TDI

Depois da pesada derrota sofrida no capítulo anterior, o AutoHoje contrapõe com forte trunfo, ao chamar o Octavia 1.6 TDI para um embate face ao Chevrolet Cruise e ao novo Renault Fluence. São 6 páginas repletas de informações escritas, gráficos e fotografias, que ilustram detalhadamente um comparativo denominado «O que é racional é bom». Pela extensão do trabalho, este capítulo requer, naturalmente, uma pontuação distinta dos demais, com a escala de aferições a subir até aos 15 pontos. Deste modo e pela qualidade do artigo, o AH colhe mais 14 preciosos pontos, que só não alcançam o topo do 'barómetro' dada a insistência de Ricardo Carvalho na tónica da racionalidade dos modelos em contenda – característica que sendo totalmente legítima, e até evidente -, pode parecer inibitória de uma abordagem mais emocional a estes automóveis por parte de eventuais clientes, coisa que, pelo menos no caso do Octavia, e tendo em conta o segmento em que se insere, nos parece evidente. Por seu turno, o AutoFoco, depois do fôlego granjeado no capítulo anterior, não arrecada qualquer ponto, por não apresentar quaisquer testes ou comparartivos que incluam automóveis da marca da Seta Alada.

5. Tabela de Preços

Inerente a qualquer revista de automóveis, a tabela de preços tem, naturalmente, menos relevância que uma notícia, um teste ou um comparativo. Por isso, neste capítulo, a escala encolhe até aos 5 pontos. Mais uma vez, a postura dos dois semanários acaba por ser diferente entre si. As tabelas de preços de ambos são pouco pormenorizadas, mas a do AutoFoco inclui dois itens omissos no AH - o 'número de portas' e 'a aceleração dos 0-100 Km/h'. Porém, a publicação da Motorpress contrapõe com um ranking atribuído a cada modelo pelo próprio jornal, o qual inclui a «Escolha AutoHoje». A iniciativa é muito interessante mas, no caso particular da Skoda, revela-se muito pouco precisa. Um exemplo gritante é o da pontução atribuída ao Yeti, que em nenhuma versão ultrapassa as 3 estrelas, contrariando as muito boas impressões colhidas pelos próprios jornalistas da casa, nos testes que já realizaram ao SUV checo, situação no mínimo incoerente. Duas notas finais: o AF indica o preço de 57 modelos Skoda, ficando-se o AH por 33, mas em contrapartida, o AutoHoje oferece um grafismo mais 'limpo' que facilita bastante a leitura. Disto isto, o AutoFoco vence o capítulo, sobretudo graças ao deslize do AutoHoje no seu original mas pouco preciso ranking. Em suma: 4-2 para o AF.

6. Economia e Valor

O preço de capa é favorável ao AutoFoco em €0.20. Mas a verdade é que a edição desta semana do AutoHoje dá-lhe muito mais material relativo à Skoda e oferece-lhe um jornalismo mais rigoroso e agradável de ler, pese embora o deslize na tabela de preços. Cumulativamente, ainda lhe oferece um semanário com mais páginas e uma capa em papel mais espesso e de melhor qualidade. Ou seja, a vantagem do preço do AF desvanece-se face ao imbatível value for money do AutoHoje, que vence 9-5.

7. Veredicto

Contas feitas, o AutoFoco vence nos capítulos da 'Capa', 'Superb Break' e 'Tabela de Preços', mas o AutoHoje impõe-se no temas 'Facelift Fabia/Roomster', 'Octavia 1.6 TDI' e 'Economia e Valor', que acabam por colher peso bem superior na avaliação final. Ou seja, o AH vence por 35-25. Pelo exposto, a escolha do semlimites para a compra do semanário automóvel desta semana vai para o AutoHoje, que se revelou um produto mais completo e equilibrado.

E agora invertam-se de novo os papéis que, novamente na qualidade de leitores, queremos saber quem será capaz de nos proporcionar o melhor teste à Superb Combi. Já na próxima semana, de preferência...

[foto: joão]