Motokov

Motokov poderá ser um nome que pouco dirá à maioria das pessoas. Porém, para os entusiastas que já tiveram oportunidade de folhear catálogos da Skoda dos idos tempos da Cortina de Ferro, a designação Motokov vem de imediato à mente, pela sua omnipresente aparição, em jeito de rodapé, nos folhetos promocionais da época.

Na verdade, a Motokov era uma agência estatal de negócios estrangeiros, que tomava conta da exportação de todos os produtos checoslovacos destinados aos mercados exteriores. Sendo a única instituição autorizada a negociar directamente com empresas de outros países, a sua existência inibia que os fabricantes pudessem obter uma perspectiva fidedigna e em primeira mão dos mercados para os quais produziam e do tipo de clientes a que se destinavam os seus produtos.

Mais, como a Motokov tanto tratava da exportação de máquinas agrícolas, como de automóveis (para dar apenas 2 exemplos), a verdade é que os seus funcionários não tinham oportunidade de conhecer a fundo todos os produtos que comercializavam, o que se traduzia num austero entrave ao desenvolvimento das actividades da própria agência.

Por outro lado, cabia à Motokov a concepção de todo o material publicitário que chegaria aos importadores estrangeiros, estando as marcas envolvidas, como era o caso da Skoda, impedidas de participar ou opinar sobre catálogos e outros documentos produzidos para o exterior.

Contudo, neste cenário cinzento e claustrofóbico há que reconhecer o mérito negocial da Motokov em acções aparentemente impensáveis para uma agência governamental de um país do Bloco de Leste. É que a Motokov conseguiu proezas tão misteriosas como por exemplo a entrada da Skoda no mercado norte americano ou a sua venda em Portugal, país cujo regime, à época, era de sinal oposto ao da Checoslováquia.

Mais um aparentemente insondável mistério que não escapará à curiosidade incessante do semlimites. Fique atento.