Os responsáveis do Grupo VW desmentem-no constantemente. No seu entender cada uma das 7 marcas do Grupo tem targets tão bem definidos que a 'canibalização' de vendas entre os diversos construtores do império VAG não existe.
Contudo, os estudos de mercado e de marketing não são assim tão infalíveis e a prática mostra-nos uma realidade bem diversa daquela que tem vindo a ser gizada no quartel-general de Wolsburgo e propagandeada aos 4 ventos pela Comunicação Social. Tudo porque a complexidade dos mercados é cada vez maior e os clientes não são tão facilmente catalogáveis como os estudos fazem crer.
No tabuleiro de estratégia da casa-mãe, foi reservado para a Skoda um lugar de combate baseado no value for money, na qualidade de construção e de serviço, na oferta de automóveis com um espaço referencial e na aposta de soluções baseadas na filosofia Simply Clever. Diga-se que foi uma aposta muito feliz. Tão feliz que, mesmo que arquitectados em segredo, os mecanismos de protecção interna 'anti-canibalismo' vão-se fazendo sentir de forma cada vez mais evidente, não vá o sucesso da Skoda causar irreparáveis mazelas às demais marcas do Grupo.
Só assim se entende porque razão a Skoda se vê privada de ter um concorrente directo para o segmento dos bem sucedidos Volkswagen Golf, Audi A3 ou SEAT Leon – o segmento que mais automóveis vende em toda a Europa -, quando seria tão fácil desenvolver uma variante compacta a partir do irrepreensível Octavia.
Só assim se percebe porque se insiste tanto em cercear a entrada da Skoda em nichos de mercado quando está historicamente provado o sucesso que os automóveis de segmentos alternativos sempre tiveram para a casa de Mladá Boleslav – basta pensarmos nos exemplos gritantes dos Popular Roadster e Monte Carlo, do Felicia Cabrio ou do 110R Coupé.
Só assim se compreendem os sucessivos adiamentos a que o lançamento da carrinha Superb tem sido sujeito, sabendo-se que a fase de concepção e desenvolvimento se encontra concluída há meses e que as linhas de produção de Kvasiny tiveram que ser reprogramadas para só arrancarem com a Combi daqui a um ano. Tudo com receio de que a carrinha checa absorvesse parte das vendas da sua congénere Passat [que entretanto aguarda por um facelift], ou mesmo que fizesse alguma mossa, ainda que ténue, nas mais prestigiadas propostas da Audi.
Só assim se compreende que, por mais que os responsáveis do Grupo o desmintam, existem muitas e fortes razões para se preocuparem com a canibalização interna, porque a Skoda está mesmo determinada a vencer, sejam quais forem as regras do jogo. E por mais labiríntica que seja a estratégia imposta pela cúpula, uma parte do crescimento da marca far-se-á sempre à custa dos outros construtores do universo VAG, com quem partilha muitas das suas virtudes, mas dos quais se destaca por as fazer chegar ao mercado de forma muito mais competitiva - no sentido lato do termo - para o cliente final.
Precisamente porque a Skoda sabe esgrimir com mestria os seus sólidos argumentos face a todo o sector automóvel, sem excepções corporativistas ou de linhagem, compreende-se que esteja predestinada a vencer - doa a quem doer. Agora, Senhores Directores, é só perceber que dimensão estão dispostos a dar a este irreversível sucesso.
[foto: Skoda Auto]
3 comentários:
É um sentimento omnipresente de que a Skoda anda a ser "castrada" pela casa mãe.
Têm todo o potencial para um coupe desportivo, mas porque é que não o têm sabe Deus, o concept-car Yeti seria mais um domínio a explorar, do pequenos SUV, mas mais uma vez as jogadas de bastidor restringem a Skoda aos 4 modelos existentes.
É pena...
Estou totalmente de acordo com tudo o que disse...! Creio que a Skoda, por si só, adquiriu prestigio suficiente para almejar maiores vendas num limite de tempo relativamente curto. Contudo, não sei se o fazem por precaução ou por "receio", a verdade é que ouvimos muitas vezes falar de novos projectos para a Skoda e eles tardam em aparecer. De que espera o grupo VAG para lançar a Superb Combi, sabendo que é um automóvel que já caiu no gosto dos críticos e dos clientes?! Para quando o à muito esperado Yeti?! E o Joyster, será que irá alguma vez ver a luz do dia, quanto mais não seja "transvestido" de Fábia de 3 portas?! Seriam três modelos que confirmariam a inovação Checa e ao mesmo tempo ajudariam a incrementar a ideia de que a Skoda é uma marca que está na moda.
Além do mais, com o mercado em crise, só com audácia e incremento do número de gamas e, consequentemente, na produção e vendas, é que as marcas serão capazes de sobreviver. Ao grupo VAG (ou Porsche) fica o conselho de que, se almejam ser num futuro próximo o maior construtor de automóveis, devem apostar seriamente na Skoda, a única marca que actualmente se encontra verdadeiramente em expansão e ainda com uma larga margem de crescimento...!
Cumprimentos ;)
Caros Godes e Allen:
Em boa verdade a expansão da Skoda é inevitável e, felizmente, já começou. Está confirmado o alargamento da gama a novos modelos, nomeadamente ao Yeti [meados de 2009], à Superb Combi [final de 2009], a um novo citadino baseado no VW Up! [2011], a um MPV baseado no Octavia [com 7 lugares] e a um 3 volumes para substituir o incansável Octavia Tour.
Contudo, os 'timings' não têm sido muito bem geridos e alguns dos mais estimulantes projectos, como o desenvolvimento de um eventual Octavia 'hatchback', uma berlina desportiva [Tudor] ou um pequeno coupé [Joyster], acabaram por ficar 'na gaveta', sendo quase certo que, se lançados na devida altura, teriam feito milagres pela marca.
Claro que temos que compreender a existência de uma filosofia de Grupo, que coordene as diversas marcas do consórcio sem atropelos. Contudo, um proteccionismo interno exagerado também é bastante limitador.
Vamos ver o que o futuro nos reserva e aguardar com esperança por um saudável crescimento e expansão de todas as marcas deste fantástico universo que é o Grupo VAG, onde, cremos, há espaço para todos os 'emblemas' que o constituem.
Agradecidos pelos vossos comentários, despedimo-nos com saudações Skodistas.
semlimites
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