quarta-feira, 17 de julho de 2013

Uma Comparação Improvável... Ou Talvez Não





















A meio caminho entre um típico 2 volumes e uma convencional carrinha, o Spaceback vem preencher uma importante lacuna na gama Škoda, ao oferecer o primeiro hatchback compacto concebido pela casa da Seta Alada. Contudo, fazendo uso de uma filosofia particularmente original, a Škoda acaba por criar um nicho dentro do segmento mais popular da indústria automóvel, um pouco à imagem do que a Audi já fizera com o seu A3 Sportback - embora adicionando ao estilo desportivo uma componente prática e um aproveitamento espacial que escapam à proposta de Ingolstadt. Claro que a Audi joga os seus trunfos no segmento premium, enquanto a Škoda aposta no setor generalista para conquistar o mercado, oferecendo, como sempre, mais valor por um significativamente menor investimento. Isto, claro está, sem abrir mão dos predicados tradicionais do construtor. Ainda assim, a comparação direta entre estes dois modelos acaba por não ser tão descabida quanto se possa imaginar num primeiro momento. A corroborar esta ideia, Thomas Geiger, do «Die Welt», afirma: «O Škoda Rapid Spaceback é similar, no design e no conceito, ao Audi A3 Sportback, mas oferece mais espaço interior e custa menos». Aliás, logo na síntese inicial do seu artigo, Geiger é muito claro: «O Audi A3 Sportback não é prático, mas é bonito - e caro. Quem procura automóvel pode agora bater à porta da subsidiária acessível da VW - a Skoda - e recebe ainda mais espaço pelo seu dinheiro». Claro que, em Portugal, a comparação entre modelos afiançada pelo Sr. Geiger, a ser apreciada pela maioria dos jornalistas da especialidade, seria tomada como uma ousadia a roçar a displicência. Do alto da sua 'sapiência' - toldada por preconceitos totalmente infundados, e em perfeito contraciclo com o que se escreve na melhor imprensa especializada da europa - o Rapid não passa, no entorpecido entendimento desses 'opinion-makers' nacionais, de «uma proposta racional» - o que, sendo inteiramente verdade, é muitíssimo redutor. A este propósito convirá questionar esses senhores como é possível que um automóvel estritamente racional tenha sido recentemente galardoado com um dos mais prestigiados prémios de design do mundo - o Red Dot Award -  como aconteceu com a versão liftback do Rapid... Thomas Geiger, fazendo uso da proverbial objetividade alemã, dá-nos essa resposta de forma particularmente simples, mas clarividente: «[...] os checos não pensam apenas de forma prática - têm também olho para a beleza»...

Felizmente, é sabido que a perceção que o público português tem da Škoda vem-se alterando lenta mas profundamente nos últimos anos, divergindo radicalmente desse pensamento enviesado que ainda pulula algumas redações da imprensa automóvel nacional. Neste aspeto, e embora ainda haja um longo caminho a percorrer, a massa crítica e a maturidade crescente do nosso mercado denotam já tendência em acompanhar o real valor da marca, um pouco à imagem do que aconteceu há já largos anos atrás nas nações mais desenvolvidas da europa - como por exemplo na Alemanha, em Inglaterra ou nos países nórdicos -, onde hoje a Škoda é tida como um dos mais respeitados construtores da atualidade.

Por isso, se o leitor rejeita o 'novo-riquismo' que ainda subsiste nalgumas franjas do nosso mercado, sabe o que é verdadeiramente bom e importante, e gosta de ter opinião própria, o Rapid Spaceback poderá ser mesmo o automóvel certo para si. É certo que não lhe oferecerá o refinamento premium do A3 Sportback, mas contrapõe com um charme e uma elegância únicos, um espaço que faz inveja ao automóvel alemão e um preço muito mais acessível, sobretudo face à qualidade do produto oferecido. Chega a Portugal em novembro e, pelo que é conhecido até ao momento, auspicia uma carreira comercial brilhante.

Como vê, Thomas Geiger percebeu prontamente do que se trata. E o leitor? 

Mais informações em: www.welt.de

[foto: Skoda Auto | edição: semlimites]

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