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Continuo a pedalar, mas agora sem chama. Procuro concentrar-me noutros pensamentos, mesmo não sendo nada fácil. Porém, concluo que se há justa homenagem a prestar a este companheiro, é cortarmos a meta com um sorriso nos lábios, como, com certeza, gostaria de ter feito. Isto dá-me um novo alento e a descida é já feita a boa velocidade, sem pedalar. Lá ao longe, na saída para o Parque das Nações, o pelotão vai denso e há que redobrar atenções para com quem segue perto de mim. Novo tanque dos Bombeiros, embora já 'seco'. Ouvem-se gritos jocosos de protesto por não haver duche. Os soldados da paz sorriem, simpaticamente. Curva a descer. De repente uma jovem trava com a mão esquerda, bloqueando a roda dianteira. A bicicleta não se conforma e dá-lhe um forte coice, em jeito de catapulta, atirando-a para o asfalto, numa queda aparatosa. Multiplicam-se gritos de susto e também de aviso para que esta queda isolada não se transforme numa perigosa carambola. A jovem esfolada levanta-se num ápice. Está sorridente. E a ’caravana’ prossegue viagem. Vislumbram-se os primeiros espectadores ‘a sério‘. Até agora, os que tínhamos visto seguiam de carro na Ponte Vasco da Gama. Alguns tinham apitado de alegria, outros de protesto. Outros ainda tinham-nos esgrimido acenos ou palavras de incentivo. Mergulhamos definitivamente na paisagem urbana. A sombra das árvores adoça as subidas que, aqui e ali, pontuam o caminho. À medida que nos aproximamos do centro do Parque das Nações, recompõe-se o ambiente de festa. Num instante estamos ao pé do Pavilhão de Portugal. Passo sob o pórtico da chegada e relembro o companheiro que partiu, mas, a esta distância, não me lembro se consegui esboçar o prometido sorriso de chegada…
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Passo em frente a uma espécie de palco, engalanado com plumas da Škoda. Ao fundo, curva à direita. Contemplo uma magnífica frota de Setas Aladas a brilhar ao sol, a bordejar a doca, e tento-me chegar à esquerda para lhe tirar uma derradeira fotografia. Sou corrido pelos seguranças que, pela cor do meu dorsal, me impelem a entrar prontamente para um parque fechado, nas traseiras do Pavilhão de Portugal. Um steward pergunta-me se lhe quero confiar a bicicleta. Pergunto-lhe o que se passará de seguida. Diz-me que não se passa nada, que me posso ir embora. Olho em redor. Os poucos participantes que ali se encontram estão sentados à sombra do edifício, desgastados, a retemperar energias. Fico na dúvida se não haverá qualquer coisa no Pavilhão de Portugal, mas como tenho um almoço de Família hesito em investigar e decido regressar ao carro. Tenho pena de não ter podido agradecer pessoalmente à Equipa Škoda, da SIVA, por me ter proporcionado mais esta magnífica experiência timbrada com o bravo selo da Seta Alada. A todos, o meu reconhecido obrigado! Foi fantástico!
[fotos: joão]
*Já a deambolar pela cidade, para me juntar à Família, parei num semáforo, junto a um entroncamento com a Avenida de Berlim. Enquanto aguardo pela mudança de sinal, começo a ver uma bicicleta da Bike Tour a vencer destemidamente a adversidade da topografia local. Aos comandos do velocípede, uma jovem ciclista enverga uma briosa camisola da Seta Alada, exibindo uma admirável compleição para quem acaba de completar a Lisboa Bike Tour. De facto, a energia da Škoda é de uma fibra superior...
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